Os brasileiros que estão planejando comprar um imóvel ainda este ano enfrentam um novo desafio: bancos restringem financiamento imobiliário em 2024, especialmente nas linhas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), se tornando cada vez mais seletivos na concessão de financiamentos. O motivo? A baixa disponibilidade de recursos gerada pelos saques da caderneta de poupança, que financia boa parte dessas operações. Este cenário está tornando o crédito para a compra de imóveis mais difícil de ser aprovado, impactando diretamente o setor imobiliário.
Escassez de recursos na poupança
A caderneta de poupança é uma das principais fontes de financiamento habitacional no Brasil, formando funding para a chamada linha de crédito SBPE. No entanto, com o aumento dos saques nos últimos anos, os recursos disponíveis para financiar novos contratos estão diminuindo drasticamente. Segundo dados recentes, o saldo negativo da poupança já ultrapassa a marca dos R$ 200 bilhões, o que limita diretamente a capacidade dos bancos de oferecer novos financiamentos imobiliários.
Essa redução de liquidez afeta principalmente os bancos que dependem da poupança para conceder crédito imobiliário. Entre eles, está a Caixa Econômica Federal, responsável por boa parte dos financiamentos habitacionais do país. Diante da crise, a instituição anunciou recentemente que está restringindo o acesso ao crédito imobiliário via SBPE.
Caixa Econômica reduz concessão de crédito
A Caixa Econômica Federal, maior operadora de crédito imobiliário do Brasil, anunciou uma medida que afeta diretamente quem busca financiar um imóvel. A partir de novembro de 2024, a Caixa passará a limitar a concessão de crédito para o financiamento de imóveis na linha do SBPE. A medida visa preservar os recursos disponíveis, dada a crescente escassez de dinheiro proveniente da poupança. Essa mudança foi uma resposta direta à redução da liquidez causada pelos saques na poupança, que têm pressionado o banco e todo o setor financeiro.
Segundo a instituição, pelas novas regras o banco irá financiar até 70% do valor do imóvel (antes o limite era de 80%) pelo Sistema de Amortização Constante (SAC). Já pela Tabela Price, o limite será de 50% do valor (ante 70% do passado). Importante citar também que, agora, o comprador que está pleiteando a aquisição não poderá ter outro financiamento ativo na Caixa. As mudanças valem para os imóveis de até R$ 1,5 milhão.
A decisão da Caixa, que tradicionalmente oferece as condições mais acessíveis para o financiamento habitacional, acaba por impactar diretamente a classe média, que já vinha enfrentando dificuldades para acessar o crédito devido às altas taxas de juros. Esse movimento do maior banco público brasileiro pode também estimular uma reação em cadeia, com outros bancos privados adotando medidas semelhantes.
Medidas anunciadas não valem para o Minha Casa Minha Vida
Importante ressaltar que todas as medidas anunciadas pela caixa são restritas à linha de crédito SBPE e não às linhas de crédito que utilizam como funding o FGTS, como é o caso do programa habitacional Minha Casa Minha Vida.
Bancos privados aumentam a seletividade
Além da Caixa, outros bancos privados também estão ajustando suas políticas de concessão de crédito. Recentemente, instituições como Bradesco, Itaú e Santander começaram a aumentar as taxas de juros para financiamento imobiliário em 2024. O objetivo é compensar a escassez de recursos da poupança e controlar a demanda por crédito.
Com o aumento das taxas e o rigor nas avaliações de crédito, o acesso ao financiamento imobiliário em 2024 está ficando mais restrito. Hoje, quem deseja financiar um imóvel precisa não apenas ter uma boa análise de crédito, mas também apresentar uma entrada significativa e demonstrar capacidade de pagamento a longo prazo.
O impacto no mercado imobiliário ao fato de que os bancos restringem financiamento imobiliário em 2024
A restrição de crédito pode esfriar o mercado imobiliário, que vinha demonstrando alto vigor nos últimos anos. Incorporadoras e imobiliárias que dependem do financiamento para vender imóveis populares ou de médio padrão podem enfrentar dificuldades para manter o ritmo de vendas.
O acesso restrito ao crédito reduz o número de potenciais compradores no mercado, especialmente para imóveis de classe média e baixa, que costumam depender mais do financiamento bancário. Para o comprador, isso significa que a negociação e a busca por condições mais favoráveis de crédito serão essenciais nos próximos meses.
Por outro lado, especialistas apontam que os investidores, que geralmente compram imóveis à vista ou com maior capacidade de financiamento, podem encontrar oportunidades de negócio em um mercado mais desaquecido. Imóveis em condições de liquidação ou que oferecem descontos significativos podem se tornar atraentes para quem está em condições financeiras mais favoráveis.
O que os compradores podem fazer diante de um cenário de crédito imobiliário mais restrito?
Diante desse cenário desafiador, muitas pessoas podem se perguntar: o que fazer para conseguir financiar um imóvel em meio à restrição de crédito? Embora o ambiente não seja favorável, há algumas estratégias que podem ajudar a aumentar as chances de obter um financiamento imobiliário em 2024.
1. Aumentar a entrada
Com os bancos mais seletivos, uma boa opção para quem deseja financiar um imóvel é aumentar o valor da entrada. Quanto maior a entrada, menores serão os riscos para o banco e, consequentemente, as chances de aprovação do crédito podem aumentar. Além disso, uma entrada maior também reduz o valor financiado, o que resulta em parcelas menores e mais acessíveis.
2. Melhorar o score de crédito
O score de crédito é um dos principais fatores avaliados pelos bancos na concessão de financiamentos. Ter um score elevado pode fazer toda a diferença na hora de conseguir a aprovação do crédito. Para melhorar o score, é importante manter as contas em dia, evitar o uso excessivo do limite do cartão de crédito e reduzir o nível de endividamento.
3. Buscar opções de crédito alternativas
Com a escassez de crédito nas linhas do SBPE, uma alternativa é buscar outras formas de financiamento. Programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida (que utiliza recursos do FGTS), ainda oferecem condições diferenciadas para a compra de imóveis. Além disso, algumas construtoras têm oferecido financiamentos diretos, sem a intermediação de bancos, o que pode ser uma opção interessante para quem está com dificuldade de aprovação em instituições financeiras. Consórcios também estão em evidência no momento atual.
4. Negociar com a construtora
Em tempos de mercado desaquecido, muitas construtoras estão dispostas a negociar melhores condições de pagamento para facilitar a venda de imóveis. Essa negociação pode incluir desde prazos maiores para o pagamento da entrada até descontos significativos no valor final do imóvel.
Perspectivas para o futuro
A situação atual nos financiamentos imobiliários é uma consequência direta das altas taxas de juros e da baixa captação na poupança. Enquanto não houver uma recuperação dos depósitos ou alternativas viáveis para substituir essa fonte de recursos, é possível que as restrições de crédito continuem ou até se intensifiquem. A medida da Caixa pode ser um indicativo de que outros bancos também estão ajustando suas políticas, e o mercado imobiliário pode precisar se adaptar a essa nova realidade.
Porém, é importante lembrar que o setor imobiliário é resiliente e já superou crises anteriores. Para quem está planejando comprar um imóvel, este pode ser o momento de se preparar, organizar as finanças e ficar atento às oportunidades que surgirem.
Assista à análise no Portal VGV
Se você deseja entender melhor esse cenário do financiamento imobiliário em 2024 e suas implicações para o mercado imobiliário, o Portal VGV preparou uma análise completa sobre o assunto. No vídeo, são abordadas as principais mudanças no crédito imobiliário e dicas para quem pretende financiar um imóvel em 2024. Não deixe de conferir!
Para ficar por dentro do mercado imobiliário, assine grátis o Boletim FOCO VGV, nossa newsletter quinzenal.