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Estamos perdendo o bônus demográfico


Bônus demográfico é o benefício que um país obtém quando o número cidadãos em idade de trabalhar (entre 15 e 64 anos) é maior que o dos que não trabalham. O fenômeno ocorre uma única vez na história de cada país. No Brasil, começou a ocorrer por volta do ano 2000 e permanecerá até 2050. Estamos no auge. Porém essa população começa a diminuir em comparação com a de pessoas mais velhas e menos produtivas como força de trabalho. A redução drástica da nossa taxa de fecundidade e o aumento da idade média de vida são os principais redutores do bônus.


O número de filhos por mulher no Brasil, segundo o IBGE, vem caindo rapidamente. Em 1960, era de 6,3 filhos. Em 2018, avaliação mais recente, a fecundidade era de apenas 1,73 nascimentos por mulher. No mesmo período, a expectativa de vida dos brasileiros saiu de 62,5 para 76,7 anos. O último levantamento sobre o tema, feito pela ONU, em 2014, indicava que 59 nações, entre elas o Brasil, estavam no auge do bônus, que agora começa a esvair-se. Os mais beneficiados seriam os países em desenvolvimento. Infelizmente, não puderam ou não souberam aproveitá-lo.


Entretanto vários países da Ásia não desperdiçaram seus bônus demográficos. Especialmente entre os anos 1960 e 1990, investiram pesado em educação, capacitação profissional e estímulo aos jovens. O resultado não tardou. Houve elevado crescimento industrial e econômico que impressionou o mundo. Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura foram apelidados como tigres asiáticos. O aproveitamento pleno do bônus depende de solidez política e econômica, assim como da criação de ambiente favorável ao crescimento. Ou seja, de boa governabilidade.


O Brasil vai bem, mas já perdeu parte do bônus. A geração “nem-nem”, jovens que nem trabalham nem estudam, representam cerca de 15% da população entre 17 e 22 anos de idade. Aproximadamente 70% deles estão entre os 40% mais pobres do país, segundo o IBGE. Trata-se de círculo vicioso. Os jovens deixam de estudar porque precisam trabalhar, mas não o conseguem porque os empregos são cada vez mais dependentes de capacidades cognitivas e intelectuais, que só se obtêm estudando. Assim, não contribuem para o aproveitamento do bônus.


Precisamos melhorar muito em educação para que o país aproveite o que nos resta de vantagem. Segundo a Divisão de População da ONU, cerca de 70% de nossa população, quase 150 milhões, está em idade ativa. Teremos um breve período de suave crescimento até 2037 para, em seguida, entrarmos em declínio. Nosso intervalo de aproveitamento vai até 2050. Mas não poderemos desfrutá-lo se não investirmos em educação, capacitação profissional e oportunidades de trabalho. O problema é que nós e o mundo todo temos sido tolhidos pela pandemia. 


O Brasil, portanto, não dispõe de muito tempo para propiciar o salto qualitativo que tanto almejamos para a vida de todos nós. Quando o bônus for extinto, o que nos restará será uma população envelhecida, carente de cuidados e sem condições de produtividade. A sociedade brasileira tem de reagir com assertividade e presteza, exigindo políticas públicas e providências que avancem na formação de consciência cidadã e de tudo o mais que precisamos para aproveitar o que nos resta de oportunidades. 


João Teodoro da Silva

Presidente – Sistema Cofeci-Creci – 06/JUN/2021



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