Brasileiro não encontra opções de imóveis com o padrão adequado aos diferentes estágios de sua vida, aponta estudo


Brasileiro não encontra opções de imóveis com o padrão adequado aos diferentes estágios de sua vida, aponta estudo

É o que mostra uma pesquisa que analisou o comportamento do consumidor brasileiro, com base no histórico de moradia de 80 famílias.

O brasileiro muda, em média, sete vezes de moradia durante toda sua trajetória de vida devido a motivos como trabalho, estudo, casamento e nascimento dos filhos. Mas, ao mudar de casa, ele não encontra no mercado imobiliário opções de imóveis residenciais adequado às necessidades dos diferentes estágios de sua vida. É o que mostra uma pesquisa realizada pela professora Maria Carolina Gomes de Oliveira Brandstetter, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que será apresentada durante a 10ª Conferência Internacional da Sociedade Latino-Americana de Real Estate, que acontece de 15 a 17 de setembro, em São Paulo.

A pesquisa, q ue analisou o histórico de moradia de mais de 80 famílias de classe média, demonstrou que ao buscar um imóvel para morar as pessoas mais jovens e com menor poder aquisitivo não abrem mão da localização, faixa de preço e área do empreendimento. Se elas não encontram um apartamento novo com até 60 m2, por exemplo, no bairro que gostariam de morar, elas não acabam optando por um imóvel maior, mas sim por um usado com as mesmas especificações de espaço, localização e preço que procuram. Já as pessoas mais velhas e com maior renda até admitem ter de adquirir um imóvel fora da faixa de localização que gostariam, desde que ela seja novo e tenha um padrão elevado.   

De acordo com a pesquisa, os principais fatores que determinam a escolha das pessoas por um imóvel são: a idade do chefe de família e dos filhos, o estágio de vida familiar e o patrimônio financeiro. “À medida que as pessoas vão envelhecendo elas procuram moradias melhores, mais caras e bem localizadas, mais próximas do trabalho e fora dos bairros mais nobres e saturados”, explica a pesquisadora. “Isso pode ser uma das explicações para o fenômeno observado hoje nas principais capitais brasileiras de revalorização do centro”, acrescenta ela.

A mudança na formação das famílias brasileiras, segundo ela, também é um fator importante. Com o aumento do número de divórcios no País, por exemplo, está acrescendo a procura por imóveis que possam abrigar famílias maiores, compostas por casais com filhos do atual e do relacionamento anterior. “O mercado imobiliário precisa ficar atento a essas mudanças e desenvolver moradias com padrões mais flexíveis para as reais demandas do consumidor”, ressalta.

Novas estratégias – Segundo ela, as estratégias atuais de lançamento de imóveis são muito fundamentadas em indicadores de mercado, ou seja, nos imóveis que apresentam maior volume de vendas. O ideal seria seguir o exemplo de empresas de outros setores, como o alimentício e da indústria automobilística, que estão desenvolvendo produtos segmentados por faixa etária e de renda, entre outros critérios. O método de pesquisa desenvolvido por ela, que é baseado na análise de carreiras habitacionais, pode ser uma ferramenta importante para auxiliar as empresas nesta tarefa.

O resultado dessa estratégia equivocada , que é baseada mais na oferta do que na demanda, é a disparidade entre a grande disponibilidade de alguns tipos de imóveis no mercado e a carência de outros. Um dos lançamentos mais tradicionais nas capitais brasileiras, por exemplo, é o apartamento com três dormitórios com uma suíte, direcionados a famílias de classes média e alta. Entretanto, em grandes metrópoles, como São Paulo, faltam apartamentos de um dormitório voltados para o público single – pessoas solteiras que vivem sozinhas e que têm poder aquisitivo maior do que a média da população.

“As empresas do setor imobiliário percebem muito lentamente essas distorções no mercado”, diz Maria Carolina. “Se elas desenvolvessem pesquisas de mercado baseadas no comportamento do consumidor poderiam aumentar as chances de acerto em seus lançamentos, e seria possível reverter esse quadro de sobreoferta e carência de alguns tipos de imóveis de forma mais rápida,” conclui.

A 10ª Conferência Internacional da Sociedade Latino-Americana de Real Estate (Lares, na sigla em inglês de Latin American Real Estate Society) será realizada de 15 a 17 de setembro, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo (SP). O evento contará com palestras, apresentação de pesquisas, cases, visitas técnicas, entre outras atividades de interesse tanto de pesquisadores, professores e estudantes de real estate como de empresários e profissionais do setor imobiliário. O tema desta edição será “O crescimento sustentável do mercado latino-americano de real estate”. As inscrições estão abertas e pode ser feitas no site www.lares.org.br

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