Um método para medir aceitação de edificações com inovações
Grupo da Universidade Federal de Uberlândia comparou avaliações de usuários de dois diferentes sistemas industrializados de construção.
Medir o grau de satisfação dos usuários de uma nova edificação residencial é de grande importância para o mercado imobiliário - em especial quando se trata de um lançamento que introduz inovações tecnológicas nos processos construtivos. Partindo dessa constatação, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desenvolveu um método capaz de avaliar a aceitação dos consumidores de novos imóveis que utilizam os chamados sistemas industrializados de construção.
O trabalho será apresentado na 13ª Conferência Internacional da Sociedade Latino Americana de Estudos Imobiliários (LARES, na sigla em inglês de Latin American Real Estate Society). O evento ocorre em São Paulo de 11 a 13 de setembro, e reunirá especialistas do Brasil e do exterior para discutir as principais tendências e desafios do setor.
Para testar a nova metodologia, os pesquisadores compararam o grau de satisfação do usuário de três loteamentos residenciais que utilizaram processos construtivos distintos. Dois deles possuíam alto grau de inovação tecnológica incorporada à sua produção: o primeiro é composto por paredes maciças de concreto armado moldadas in locu e o outro por painéis pré-moldados, compostos por estrutura de concreto armado e vedação em blocos cerâmicos, produzidos em usinas e montados no local pelo sistema conhecido como tilt up.
O terceiro loteamento, que utilizava o sistema construtivo convencional, foi estudado como padrão de referência. Os loteamentos somavam cerca de 300 casas com tipologia e área construída semelhantes. Todas haviam sido lançadas ha cerca de um ano, na macro-região de Uberlândia (MG).
De acordo com o coordenador do estudo, Antonio Peruzzi, professor da Faculdade de Engenharia Civil da UFU, embora muitos laboratórios estudem e monitorem a aplicação das normas técnicas relacionadas aos sistemas industrializados de construção, havia carência de estudos sobre os aspectos mais subjetivos desses processos. "Como qualquer outro tipo de produto, a edificação não pode ser vista como "matéria" somente, é importante estudar também o 'sentimento' que a traz quem a utiliza. Estudos sobre satisfação e avaliações da qualidade percebida são essenciais para o mercado imobiliário", disse.
Segundo Peruzzi, os sistemas industrializados com alto grau de racionalização ainda são alvo de preconceitos, pois no passado houve tentativas de trabalhar com novos métodos e materiais que não obtiveram sucesso por terem sido aplicados sem estudos minuciosos. "No entanto, esses sistemas são usados de forma crescente e a avaliação de satisfação se torna cada vez mais fundamental. Não nos interessava saber quem compraria esse tipo de produto, mas sim entender a aceitação de quem já mora no imóvel", explicou.
Resultados - Os resultados preliminares surpreenderam: os três sistemas tiveram grau de aceitação igualmente alto, com notas em torno de 70, em uma escala de 0 a 100. Alguns fatores, no entanto, podem ter interferido nesse resultado, segundo Peruzzi. A construção recente de todas as casas e a trajetória de vida dos moradores são fatores que podem ter contribuído para uma avaliação superestimada de parte dos moradores. Além disso, o estudo só terá validade científica quando houver uma série histórica, com casas avaliadas ano a ano. "Este trabalho é pioneiro e ainda embrionário. Mas o método se mostrou válido e terá os ajustes necessários para se tornar efetivo", declarou. Segundo o pesquisador, quando o método for aperfeiçoado, ele possibilitará a criação de um banco de informações capaz de nortear a tomada de decisão dos projetistas na ocasião do desenvolvimento de processos construtivos q ue incorporem inovações tecnológicas.
Serviço: A 13ª Conferência Internacional da Latin American Real Estate Society será realizada de 11 a 13 de setembro, no Centro Brasileiro Britânico (Rua Ferreira de Araújo, 741 - São Paulo - SP).
Informações e inscrições no site http://lares.org.br/.
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