Quem diria que o mercado financeiro estaria de olho no mercado imobiliário? Nestes últimos dias pipocaram na imprensa várias matérias divulgando que famosas casas de investimentos e grandes gestoras de recursos estão montando fundos para investimento específico para o setor imobiliário. Entretanto, um item em comum chama a atenção entre os anúncios.
Contrariamente de outras épocas, em que fundos voltados para o investimento imobiliário produzidos por estas gestoras tinham uma estratégia de um prazo mais curto e foco em ativos mais líquidos, temos percebido hoje que estas mesmas gestoras estão justamente mirando a incorporação imobiliária, isto é, estão levantando recursos com o finalidade de apoiar as incorporadoras a desenvolver novos produtos. Este é o elo mais longo do ciclo imobiliário, já que vai desde a aquisição do terreno, obtenção de licenças, estudos de viabilidade, lançamento comercial para, só então, a partir daí iniciar as vendas e começar a ter o retorno financeiro - este último pode ainda demorar mais tempo caso as vendas sejam feitas em um fluxo de pagamento que dependa do financiamento imobiliário obtido no final da construção.
Mas se o prazo é tão longo, podendo chegar a anos, e o capital fica retido por tanto tempo, o que estes fundos podem estar visando no mercado imobiliário? Conforme o diretor do Portal VGV, Bruno Lessa, a resposta está no potencial de valorização e, especialmente, na segurança da operação.
“Estamos ainda diante de uma incerteza em relação ao cenário inflacionário e aos rumos da economia, fazendo com que as taxas de juros possivelmente fiquem altas por mais tempo. Isso pode tirar o poder de compra da nossa moeda e, de certa forma, restringir a demanda imobiliária, fazendo com que menos operações sejam efetivadas. Ao investir no desenvolvimento de imóveis novos, estes fundos têm um ganho duplo:
1 - contribuem para preservar o valor do dinheiro ao longo do tempo, já que o imóvel é considerado bem de raiz, protegendo o capital no decorrer do tempo;
2 - quando houver um cenário de inflação com maior controle e juros baixos, provavelmente teremos um novo impulso do mercado imobiliário - mesmo pela demanda represada que deve ser gerada - isso possivelmente irá favorecer esses fundos que deverão ganhar com toda valorização deste período juntamente com a valorização da corrida aos imóveis”, comenta Bruno.
O que acha deste interesse do mercado financeiro no mercado imobiliário, principalmente na incorporação imobiliária?
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