Presidente do Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias de Goiás (Secovi Goiás), arquiteto e urbanista Ioav Blanche, afirma que de fato há uma preferência dos lojistas em manter os lotes comerciais sem arborização, especialmente daqueles que precisam de fachada e visibilidade. “É uma briga constante com a Comurg e Amma sobre ter ou não as árvores, porque em meio urbano é muito complicado, tem que ser bem estudado qual árvore ter.” Blanche considera que até por isso, de fato, um lote comercial com arborização tende a ter menor valor ou menor procura do que os demais, o que explica a falta de exemplares nas calçadas das principais avenidas de Goiânia.
“As mongubas é um terror para o comércio, para o carro, para o pedestre, para as calçadas. Claro que precisa de sombras, a árvore é essencial para o controle da drenagem, são importantes, mas tem que saber quais”, diz Blanche.
Ele explica que para quem tem um comércio é inviável ter um exemplar arbóreo muito robusto e nem mesmo com folhagem baixa, assim como árvores com muitas folhas. Nestes casos, há prejuízo para a visibilidade das lojas, o que poderia afugentar os clientes. “Quem quer um lote em uma avenida é pela visibilidade, já que é mais caro, se não precisa ser visto, pode escolher uma outra via”, afirma.
O presidente considera que não é possível estimar o quanto uma árvore pode diminuir o valor de aluguel ou compra de um lote comercial, mas que de fato é um diferencial. A supressão dos exemplares neste tipo de lote passou a ser até mesmo tradicional e característico.
A tese de doutorado do professor Fábio de Souza, no entanto, com base na desvalorização do metro quadrado na Região Central, calcula que uma via arborizada possui maior valor de compra e, então, o pesquisador estima que o futuro de bairros como o Setor Marista, com intensa supressão arbórea, é de desvalorização para daqui 30 anos.
A pesquisa, por meio de entrevista com moradores e pessoas que passam pelos dos dois bairros citados, informa que existe até mesmo uma disposição dos mesmos em trocar as compras em shoppings nos setores por ruas arborizadas nos locais. Foi calculado também que existiria uma disposição das pessoas em pagar até 0,04% a mais por um lote em uma via arborizada, ou seja, poderia ser pago até R$ 104 mil em um local com valor de mercado de R$ 100 mil por este estar em uma rua com arborização.
Comentários