Evento faz parte da programação oficial do Ano da França no Brasil
Profissionais com origens, idades e experiências diferentes, mas com um desafio em comum: pensar uma nova forma de desenvolvimento urbano. É com esse objetivo que 28 arquitetos, paisagistas e engenheiros estão reunidos em Vitória, Espírito Santo. Eles vão estudar os problemas da região metropolitana capixaba e, principalmente, irão propor soluções. Essa é a 27a edição do Ateliê Internacional de Urbanismo, que pela primeira vez é realizado na América.
O diretor da ONG Francesa Les Atelier, Nicolas Detrie, explica que a cooperação e a troca de conhecimentos são as principais características do Ateliê. "Um prédio pode ser obra de um arquiteto só, mas planejar a cidade é uma obra coletiva", afirmou durante a cerimônia de abertura do evento nesta segunda-feira (19). A ONG e a Comunidade Urbana de Dunkerke são as organizadoras do ateliê, que integra também o calendário oficial do ano da franca no Brasil.
Entre os participantes estão 12 brasileiros, 12 franceses, um dinamarquês, um peruano, um argentino e um argelino. A arquiteta franco-brasileira Clara Barreto ressalta que o intercâmbio entre profissionais de várias partes do mundo enriquece o trabalho que será realizado, já que os estrangeiros oferecem um olhar de fora. "Não quer dizer que vamos projetar a cidade como fazemos nos outros países, mas por não sermos daqui, vemos qualidades que vocês às vezes não enxergam" explicou. A arquiteta capixaba Gabriela Leandro Pereira concorda: "Mesmo que a situação socioeconômica, política e cultural seja muito diferente, eles vão contribuir trazendo referências novas. É uma possibilidade de olhar a cidade de uma outra forma, de se desvincular de idéias pré-concebidas, enraizadas, e pensar em novas soluções."
Os especialistas vão se reunir durante 15 dias para estudar os principais problemas da Grande Vitória, aprofundar as reflexões sobre o tema, e propor medidas que possam melhorar a mobilidade urbana na região. "Eles darão ideias e farão propostas que podem se transformar em projetos concretos. Depois a prefeitura vai estudar formas de aplicar esses projetos, tanto para resolver os problemas atuais, quanto para aproveitar melhor nossas potencialidades", esclarece a sub-secretária de gestão urbana da Prefeitura de Vitória.
Desde que chegaram ao Espírito Santo no último sábado, os profissionais que participam do ateliê passaram os dias conhecendo as cidades envolvidas no projeto.
Ainda cansada por causa da visita aos pontos estratégicos da região, a arquiteta brasileira Ana Cláudia Peyneau disse estar animada e confiante de que a experiência será um sucesso. "Vamos apresentar um cardápio de ideias. Acredito que surjam mudanças de conceitos ligados à mobilidade urbana e também sugestões práticas, que poderão ser implementadas de forma simples e sem necessidade de grandes gastos", afirmou.
A experiência da Comunidade Urbana de Dunkerke pode colaborar nesse projeto. A cidade francesa é considerada "cidade-irmã" de Vitória graças a um Acordo de Cooperação firmado entre os dois municípios. O órgão reúne 18 cidades e realiza políticas públicas unificadas para todos os integrantes. Em 2010 o Ateliê será realizado em Dunkerke e terá a participação de profissionais daqui, o que ajudará a reforçar a cooperação entre os dois países.
Para uma das diretoras da Comunidade, Emmanuelle Leroy, Vitória e Dunkerke são duas vilas parceiras e essa cooperação deve crescer. "Nós precisamos aprender a assumir riscos e a usar a criatividade como vocês fazem aqui. Além disso, nos impressionou a forma como a população participa na tomada de decisões. Esse sistema de votação para que o povo escolha quais projetos devem ter prioridade na administração pública não existe lá", ressaltou.
Os 28 integrantes do Ateliê continuam juntos até o dia 31 de outubro, quando serão escolhidos os melhores projetos.
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