Recife homenageia Louis-Léger Vauthier, engenheiro francês que ajudou a modernizar a cidade


 



Recife homenageia Louis-Léger Vauthier, engenheiro francês que ajudou a modernizar a cidade

Colóquio internacional promove a discussão do legado de Louis-Léger Vauthier e reúne especialistas franceses e brasileiros

Em busca de uma maior difusão dos conceitos e reformas aplicadas no Recife durante os seis anos (1840-1846) em que Vauthier morou na cidade, foi organizado o “Colóquio Internacional Interdisciplinar Pontes & Ideias – Louis-Léger Vauthier engenheiro francês no Brasil”, como parte da programação do Ano da França no Brasil. A programação teve início nesta segunda-feira (19) e segue até o próximo dia 22, no Recife.

Durante meados do século XIX, o Brasil passava por transformações urbano-industriais, econômicas e pelo desenvolvimento das cidades. Foi nesse ambiente de mudanças que o jovem engenheiro francês Louis-Léger Vauthier desembarcava no Recife, em 1840, para dar início a uma série de reformas que repercutem ainda hoje na história entre dois países.

Presente ao início dos trabalhos, o cônsul da França do Nordeste, Yves Lo-Pinto destacou a parceria estratégica para as duas nações com a chegada de Vauthier ao Recife. “A vinda deste jovem engenheiro para uma nação ainda em constituição representou a construção do patrimônio cultural entre as duas nações”, comentou o cônsul, que enfatizou ainda a mobilização entre as instituições e pesquisadores para a elaboração do Colóquio.

Uma das metas dos organizadores é mostrar ao público que a atuação do engenheiro foi além da elaboração de um projeto urbanístico para o Recife, deixando um importante legado nas áreas de economia, antropologia e sociologia, por exemplo. Uma das organizadoras do evento, a professora de pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Virgínia Pontual, explica que o momento era de ebulição de novos conceitos, de profundos debates nas escolas de engenharia francesas sobre as ideias de progresso e reformas sociais.

“Vauthier chega ao Recife e apresenta algumas ideias que estavam sendo difundidas na França, como o socialismo de Charles Fournier, sendo por isso considerado um humanista. Um dos primeiros levantamentos topográficos do país foi realizado por Vauthier, que construiu no Recife a primeira ponte pênsil (ou suspensa) no bairro da Canxangá”, comentou Virgínia. Além dessas mudanças, a pesquisadora lembra que o engenheiro, durante sua permanência na Repartição de Obras Públicas da província, entre 1842 e 1846, modificou e dinamizou sua gestão.

O engenheiro chegou ao Recife a convite do governador de Pernambuco, Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa Vista, para o processo de urbanização da cidade, Vauthier usou novas técnicas de construção e materiais como o ferro, que seria utilizado nas construções de mercados públicos, na arquitetura de parques, jardins, pontes e teatros no final do século XIX.

Convidado pela organização do evento, o trineto do engenheiro, Max Louis Vauthier, veio acompanhado de outros descendentes para prestigiar a homenagem. “Encontros como este são importantes para a preservação da memória entre o Brasil e a França, através das mudanças proporcionadas por Vauthier nas áreas de urbanismo e até mesmo sociológicas, que permitiram o Recife avançar”, destacou.

Durante a abertura do Colóquio houve o lançamento da obra livro "Ponts et idées. Louis-Léger Vauthier, ingénier fouriériste au Brésil, Pernambouc (1840-1846)”, da pesquisadora Cláudia Poncioni, da Universidade Paris-Nanterre, que esteve envolvida em pesquisas de arquivos públicos e de familiares de Vauthier durante dois anos. É a primeira vez que o livro recebe uma versão em francês e até o final do ano será lançada uma versão em português, corrigida e acrescida de outras informações inéditas, fruto da pesquisa de Cláudia Poncioni.

O público poderá acompanhar também a exposição Vauthier: um engenheiro de arte, ciência e ideias — documentada em catálogo bilíngue, assim como acessar o catálogo online de fontes de pesquisa sobre o engenheiro francês "Vauthier: fontes para o progresso, Pernambuco 1840-1846". Outras informações podem ser conferidas através do site oficial do Colóquio: http://www.unusolucoes.com.br/~vauthier09/

O colóquio foi organizado por representantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Histórico Arqueológico e Geográfico de Pernambuco (IHAGPE), Universidade de Brasília (UNB), Embaixada da França, Universidade Paris X – Nanterre, Universidade Rennes 2- Haute Bretagne, École Nationale des Ponts et Chaussées, Universidade de La Rochelle e Paris Ouest Nanterre La Défense.

Estiveram ainda presentes a historiadora da Fundação Joaquim Nabuco, Rita de Cássia; o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Amaro Lins; o professor-doutor da Universidade de Paris-Ouest Nanterre La Defense, Tomaz Gomes; o professor-doutor da Universidade de Rennes 2 – Haute Bretangne, Jean-Yves Mérrian; o professor doutor da Escola Nacional de Pontes e Estradas, Bruno Tassin e o professor-doutor da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, Élson Pereira.

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