Um futuro para o mercado imobiliário - por Nelson Parisi Júnior


A crise financeira europeia foi impiedosa com as imobiliárias portuguesas: das 4 mil que existiam em 2007, metade fechou as portas.

Cabe perguntar: qual foi o “segredo” daquelas que sobreviveram? A resposta: operação em rede, compartilhando negócios. De maneira moderna e arrojada, elas apostaram na parceria como ferramenta ideal para se diferenciar no mercado. E deu certo! A tendência também vem se confirmando em outros países, como Canadá, Estados Unidos e em nossa vizinha Argentina.

É fácil entender como esse sistema de trabalho dá tão certo. Basta pensar em alguém que esteja interessado em trocar de imóvel, mas que, para viabilizar esse projeto, precise vender a casa ou o apartamento em que more atualmente. O primeiro passo será colocar o imóvel à venda em uma imobiliária associada a uma rede. Feito isso, o cliente passará a contar não apenas com uma, mas com várias empresas que, juntas, se empenharão na comercialização.

O proprietário terá todas as vantagens da atuação conjunta das imobiliárias: maior corpo de vendas e ofertas, uma única placa no imóvel (a experiência mostra o excesso desse recurso passa a impressão de “desespero” por parte de quem está vendendo, o que desvaloriza o bem) e negociará com seu corretor de confiança.

Não podemos esquecer que, para tudo isso funcionar correta e rapidamente, é importante manter o regime de exclusividade – assim, o empenho do corretor será maior. Quando se opta por utilizar diversas intermediadoras, surge o risco de o corretor se sentir menos comprometido com a venda, uma vez que o proprietário não está valorizando os investimentos que a imobiliária tem de fazer para comercializar o imóvel.

Em rede, a exclusividade é ainda melhor, pois um corretor pode recorrer a outra imobiliária na busca por um comprador. Concorrentes viram parceiros, e todos saem ganhando.

Mais negócios – Nos países em que a cultura de trabalho em rede é mais amadurecida, o volume de negócios feitos em parceria entre imobiliárias chega a 80% de seus faturamentos. Empresas com carteiras pequenas de imóveis podem encontrar, em uma rede, a solução para aumentar exponencialmente suas ofertas. A Rede Secovi de Imóveis, vinculada ao Secovi-SP (Sindicato da Habitação), por exemplo, congrega em seu banco de dados mais de 30 mil imóveis, os quais são divulgados em mais de 50 portais nacionais e internacionais.

A imobiliária que participa desse universo dispõe de uma gama de contatos e networking. Seus corretores têm acesso a cursos e treinamentos gratuitos, e os clientes podem explorar todas as possibilidades de oferta de diversas regiões de São Paulo, do Brasil e até mesmo do exterior, falando com apenas uma imobiliária!
A adesão às redes tende a ser crescente, e o cenário para a realização de negócios em parceria é amplamente favorável.

Projeções da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) revelam que as captações da poupança garantem funding para financiamentos de imóveis até 2015. Se o PIB crescer entre 3,5 e 4% em 2013, o incremento do volume de crédito para imóveis deve ser de 15% em comparação às cifras contratadas no ano passado. E mais: 4% dos brasileiros querem adquirir ou trocar de moradia nos próximos 12 meses, de acordo com pesquisa da Ipsos Marplan.

Esta é a hora para inovar e entrar no mundo dos negócios em parceria. Com ou sem crise, uma coisa é certa: quem não estiver em rede dificilmente sobreviverá no mercado, como bem mostrou o exemplo de Portugal. É preciso abandonar o conceito antiquado segundo o qual os ganhos são individuais e irrepartíveis. Nessa nova realidade, clientes exigem justamente o que só uma rede pode proporcionar: credibilidade e agilidade na venda e muitas opções em um único lugar, apenas com um corretor de sua confiança.

A Rede Secovi pretende proporcionar ganhos aos seus associados, estimular o profissionalismo, e, aos poucos, mostrar para o mercado que compartilhar é bom para multiplicar negócios. Nossa ambição é fazer o corretor de imóveis conquistar a mesma importância que tem nos Estados Unidos. Assim como aqui temos o advogado e o médico da família, lá há o corretor da família.

Muito precisa ser feito! Mas os resultados farão os esforços valerem a pena.

*Nelson Parisi Júnior é presidente da Rede Secovi de Imóveis

Comentários

  1. Imobiliária de São Paulo - Não há uma resposta simples nem conclusiva sobre a possibilidade de acontecer o estouro da bolha imobiliária no país, isso depende do comportamento do mercado, da equipe econômica do governo e de muitos outros aspectos, dinâmicos e que podem mudar facilmente. Mas há uma coisa visível em todo o país, o aumento da oferta de crédito, o déficit habitacional do país e o enorme volume de lançamentos imobiliários acabaram por criar uma especulação enorme em torno do preço dos imóveis novos. Veja, de acordo aos dados do Índice FIPE-ZAP, o valor dos imóveis no Brasil subiu mais de 100% nos últimos anos. O verdadeiro mérito por enquanto, é da equipe econômica do Governo, que controla ferozmente a taxa básica de juros e por consequência, os juros dos financiamentos imobiliários. E com o aumento dos juros do financiamento, o consumidor opta por não comprar, o que faz aumentar o estoque de muitas construtoras. No fim, elas baixam os preços. Imobiliária de São Paulo

  2. Se as construtoras em algumas regiões do pais estão baixando seus preço por estrem com seus estoques de imóveis acima do programado faltou visibilidade com relação ao consumidor. Se a 4 anos atras quando os preços começaram a subir ,influenciados pela oferta de crédito, as mesma tivessem se preocupado construir mais para atender a curva da demanda, e não se atrelar ao alto lucro, os preços teriam sofrido aumento normal: hoje não estariam com milhares de unidades estocadas, a espera de comprador. Sabes que surgiram centenas de pequenas construtoras ofertando produto a preço menor, e atendendo as necessidades dos consumidores, que sem exitar, passaram a migrar para essas, pois a forma de financiamento junto aos agentes, não altera para as maiores ou menores a burocracia é a mesma. Talvez as grandes construtoras, tenham ignorado essa possibilidade do surgimento de pequenas construtoras que pudessem a vir ofertar para o mercado, condomínios de até 50 unidades. Que todas junto somaram milhares de unidades vendidas, eu acredito que com isso o mercado se manteve num certo controle, pois se os preços inflacionaram-se em mais de 100%, talvez se tivessem ficado só com oferta das grandes construtoras teriam aumentado 200%.


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